Jun 11, 2007

Espelho






Estava escuro. Imagens passavam à nossa frente mas já nada importava. O que interessava era o tempo. O que interessava era aquele momento eterno em que tudo pára. Aquele espelhar do mundo da nossa alma tão precioso, tão frágil, que até temos medo que escape.
Desesperados, dissemos tudo o que havia para dizer sem quaisquer palavras.
Os teus olhos reflectiam a perpetuidade. As minhas barreiras renderam-se naquele segundo. Fiquei assim vulnerável a tudo, esperando que esse espelho me protegesse. Rapidamente tentei voltar a ser fria, a não deixar ninguém quebrar as minhas defesas assim. Sim, tinha medo de sair magoada outra vez, de ver o meu mundo desmoronar-se vezes e vezes sem conta, de sentir o meu reduto de alma esfaqueado e cada vez mais inexistente. Mas tu estavas lá. E percebi que não precisava de ter medo. Só tu existes. O espelho sou eu, e escondo-me em ti até os estilhaços enegrecidos se formarem. E assim tudo ficará bem.


"Ah, quando a tua mão certa e serena de
branco

Procurou o desespero da minha mão sem
rumo..."




Amo-te.