Jan 25, 2008



Estavas há pouco, ou aqui, não sei bem qual a diferença que o espaço teima em aprisionar ao tempo, sei que estavas, apenas isso, como uma presença que supera o medo de que o mundo se transforme no escuro sem luz, crescendo à medida que o olhar se perde no fundo de mim, são tantos os ecos que pararam agora, há uma secura que me invade, que usurpa o doce húmido, companheiro de vida, um abafar de sons que se transportam para um corpo diferente, mas meu, o meu corpo, sentido por mim, conhecido pelo que sou, onde o eco permanece criando pontes, laços, vontades completas, e cresce, muda, concebe um tempo que difere de todos os tempos, num espaço deformado pelos corpos que o usam e se mantêm em suspenso dentro do sangue que colora a pele, a minha no teu corpo, a tua no meu, cores indizíveis à passagem, impregnadas do ventre que somos... Estavas há pouco, ou aqui, sei que estavas, ouvi-te o riso...

Sep 26, 2007

Refúgio



Descalçar-me e cair-te sobre a pele como a maresia em bicos dos pés.

Aug 28, 2007

Whisper


Let me say sorry for the last time,
Before we become strangers forever.


Desenho por: thehiddensaphire.deviantart.com

Aug 5, 2007

Suavidades



No silêncio que afago com as minhas mãos encolho um tímido estremecer. Parece que o quente trepidar do céu ausente me fez tecer as lágrimas que agora chovem no seu regaço e a saciam de uma sede quase asfixiante. Parece que ainda ontem segurava o futuro tangível, mas hoje a calma do equilíbrio tinge de cores frescas a indelével marca dos sorrisos que vou recolhendo, sem piedade, à medida que deslizam à frente de meus olhos os momentos em que o meu corpo se entregou aos devaneios impostos pela minha mente.
Aqueci o pudor demente e deixei que a luxúria fosse escorrendo suavemente até ao lago das minhas memórias. Ali me deixei ficar deitada, enquanto o idílico se misturava com a realidade pintada pelos meus nervos. A sua inegável ternura bombeia-me os sentimentos para o infinito do que me rodeia e simplesmente desconheço. Porém, existe sempre algo de tão familiar nos sonhos que paulatinamente planto nas águas das correntes florais, um aroma que inebria os meus sentidos e interdita qualquer negrume que queira incautamente surgir.
Ali repousam os nossos corpos, levados pela epítome das sensações reunidas ao gosto do canto dos rouxinóis, partilhando uma necessidade premente de toques gentis, incessantemente entregues à pele que se arrepia em sucessões frenéticas de espasmos. Bem perto se encontra a concretização de um dia perfeito à medida que o amarelo, o vermelho e o laranja se vão apoderando do firmamento. Bem perto sinto o cheiro pungente e extremamente intenso dos dedos a atravessar os finos e longos cabelos, devolvendo à minha carne um doce respirar, que liberta por alguns instantes o perfume da paixão. Agora podemos repousar, misteriosamente enroscados num sossego reconfortante e naturalmente enternecedor. Agora entrego-me à límpida suavidade de um acordar fechado dentro de mim, pelos meus olhos tolhidos pela abertura matinal.

Aug 4, 2007

Saudade


Às vezes imagino o bom que seria se não existisse a saudade...mas depois penso que se esta não existisse, não poderiamos gostar verdadeiramente de uma pessoa, pois não sentiriamos falta dela quando ela não estivesse...
Se não houvesse saudade, como sentiríamos aqele apertar do coração que faz saber tão bem o reencontro?
Como poderíamos disfrutar ao máximo o tempo que estamos com uma pessoa, se iría saber ao mesmo que se estivessemos sem a mesma?

Jun 11, 2007

Espelho






Estava escuro. Imagens passavam à nossa frente mas já nada importava. O que interessava era o tempo. O que interessava era aquele momento eterno em que tudo pára. Aquele espelhar do mundo da nossa alma tão precioso, tão frágil, que até temos medo que escape.
Desesperados, dissemos tudo o que havia para dizer sem quaisquer palavras.
Os teus olhos reflectiam a perpetuidade. As minhas barreiras renderam-se naquele segundo. Fiquei assim vulnerável a tudo, esperando que esse espelho me protegesse. Rapidamente tentei voltar a ser fria, a não deixar ninguém quebrar as minhas defesas assim. Sim, tinha medo de sair magoada outra vez, de ver o meu mundo desmoronar-se vezes e vezes sem conta, de sentir o meu reduto de alma esfaqueado e cada vez mais inexistente. Mas tu estavas lá. E percebi que não precisava de ter medo. Só tu existes. O espelho sou eu, e escondo-me em ti até os estilhaços enegrecidos se formarem. E assim tudo ficará bem.


"Ah, quando a tua mão certa e serena de
branco

Procurou o desespero da minha mão sem
rumo..."




Amo-te.

May 26, 2007

Let me stay a little longer.


Let me stay a little longer

Let me stay a little longer
In the satin-coloured light of a painting,
Where the eyes of the maidens are pure and indulgent.

Let me stay a little longer
In the stillness of the eternal instant of a picture,
Where the past and future are irrelevant and false.

Let me stay a little longer
In the soft intrigues of a playful tune,
Where the notes lead the mind through rain and sun.

Let me stay a little longer
In the sweet brightness of a laugh,
Where the soul expands and scatters.

Let me,
For it is then
That I feel embraced,
Reaching.